segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Ética no jornalismo"

Este é o título de um livro que acabei de ler, de Rogério Christofoletti. Não é o melhor que já li, aliás, esperava mais. Busquei nele algumas coisas que não encontrei. O autor destaca aquilo que é discussão em todo debate a respeito do que é ser jornalista. E isso, podemos encontrar em muitos livros. No entanto, isso não quer dizer que não o recomendo. Pelo contrário, é ideal para estudantes de jornalismo interessados no assunto. O que ele expõe é aquilo que nunca é demais reforçar - como devem ser as atitudes de um bom profissional. E ao final, gostei das recomendações do autor e das perguntas que ele nos deixa. Perguntas que todo jornalista deve se fazer durante todos os anos na profissão.

10 questões para fazer pensar, por Rogério Christofoletti:

1. É possível fazer colunismo social sem promiscuidade com as fontes?

2. O que pensar de jornalistas que combinam manchetes, após as entrevistas coletivas?

3. Até que ponto a tecnologia é uma aliada de repórteres e editores?

4. Jornalistas dos cadernos de veículos conseguem manter independência editorial após viajar à custa de uma montadora para uma feira internacional?

5. É certo fazer reportagens sobre determinados assuntos apenas para disputar prêmios de jornalismo?

6. Quando o jornalista pode entrevistar parentes ou amigos?

7. Como relatar casos de violência, discriminação, sequestros e suicídios sem contribuir para a estigmatização das pessoas envolvidas?

8. O jornalista pode acumular funções, sendo assessor de imprensa de manhã e repórter à tarde?
9. Onde está o centro da gravidade moral do jornalismo?

10. Até onde se pode ir para conseguir a manchete do dia?

O autor também dá dicas de leitura:

- Sobre ética e imprensa - Eugênio Bucci
- O papel do jornal - Alberto Dines
- Procura-se ética no jornalismo - H. Eugene Goodwin
- Elementos do jornalismo - Bill Kovach e Tom Rosenstiel
- Jornalismo na era virtual - Bernardo Kucinski
- Ética - Organizado por Adauto Novaes
- Pequeno tratado das grandes virtudes - André Comte-Sponville
- A Arte de fazer um jornal diário - Ricardo Noblat
- Jornalismo político - Franklin Martins
- Guia para edição jornalística - Luíz Costa Pereira Junior
- Jornalismo, ética e liberdade - Francisco José Karam
- Deus é inocente, a imprensa, não - Carlos Dorneles
- O homem secreto - Bob Woodward
- Media Ethics: cases and moral reasoning - Clifford Christians
- El zumbido y el moscardón - Javier Darío Restrepo
- A tirania da comunicação - Ignácio Ramonet
- Os novos cães de guarda - Serge Halimi
- Watchdog journalism in South America - Silvio Waisbord
- O arsenal da democracia - Claude-Jean Bertrand
- Os jornais podem desaparecer? - Philip Meyer

Tempo de renovação...

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Do Balaio do Kotsho

Falta novidade no governo de Dilma

Tudo bem que em time que está ganhando não se mexe, como diz o famoso ditado, mas o jogo político é um pouco mais complicado do que o futebol

Ricardo Kotscho


Estamos todos de acordo que, ao eleger Dilma Rousseff nas eleições de outubro, os brasileiros optaram pela continuidade do governo Lula, que chega ao final com inéditos índices de aprovação em todas as pesquisas. Também é verdade, porém, que toda troca de governo gera grandes expectativas, renova esperanças, sugere novos caminhos e novas caras na condução do país.

Pelo que vimos até agora, exatamente a um mês da posse da presidente eleita, não há grandes surpresas nem novidades na indicação dos nomes já confirmados para o governo de Dilma. Tudo bem que em time que está ganhando não se mexe, mas o jogo político é um pouco mais complicado do que o futebol.

Todos sabemos, de outro lado, que em alguns setores do governo as coisas já não vinham funcionando bem, em especial na área de serviços públicos, exigindo mudanças de métodos e no comando das gestões. Até no futebol, quando há troca de técnico, muda-se também o jeito de jogar e a escalação do time

Não é porque mais de 80% da população apóia Lula que a população está satisfeita com o trabalho do governo nas áreas de saúde, segurança, transportes, educação e saneamento, por exemplo, como demonstram as mesmas pesquisas.

Nem se trata de saber se é certo manter ou não os mesmos nomes ou fazer uma troca de cadeiras de ministros, mas de estabelecer um critério para a população saber, desde o primeiro dia, que o governo brasileiro está sob nova administração. Mais do que nomes, são sinais simbólicos que marcam a passagem de um governo para outro.

Embora tenha 37 cargos ministeriais para distribuir entre os aliados e tentar agradar a todos os partidos, às lideranças, tendências e bancadas dos partidos, mais os governadores e os interesses regionais, sem falar nas sugestões do presidente Lula - ou seja, um quebra-cabeças difícil de montar, já que a oferta é maior do que a demanda e as contas não fecham - é vital para Dilma reservar um espaço para ela mesma e surpreender a freguesia com algo ou alguém que ninguém esperava.

Oito anos atrás, por exemplo, nesta mesma época, o então candidato eleito Lula surpreendeu o PT e o mundo ao nomear o médico sanitarista Antonio Palocci para o Ministério da Fazenda e o banqueiro tucano Henrique Meirelles para o Banco Central. Não parou por aí. Procurou saber quem eram os melhores profissionais para as áreas de Agricultura e Comércio Exterior, respectivamente Roberto Rodrigues e Luiz Furlan, e não se preocupou em saber que ambos tinham acabado de apoiar ostensivamente a campanha do seu adversário, José Serra. Os dois foram nomeados ministros do governo do PT.

Ninguém está sugerindo que Dilma vá recrutar quadros no PSDB, no DEM e no PPS, até porque lá parecem estar em falta, mas ela poderia abrir seu olhar para a sociedade e pensar em perfis como o de Drauzio Varella, para a Saúde, e de Danilo Miranda, para a Cultura, há anos o grande animador e gestor do SESC de São Paulo. Nem sei se eles pertencem a algum partido.

É verdade que já tem paulista demais nesta história, e os aliados nordestinos, os grandes vitoriosos desta eleição, têm todo o direito de reclamar e reivindicar mais espaço no governo da presidente eleita. Certamente é danado de grande o desafio colocado para Dilma. Mas vai ficar maior ainda se continuar esta queda-de-braço entre PT e PMDB para ver quem fica com o maior naco da Esplanada.

Seria bom não esquecer o que aconteceu com o PMDB em dezembro de 2002, quando o partidão também não se contentou com os ministérios que lhe ofereceram, e bateu o pé para ficar também com o de Minas e Energia. Irritado com a ganância, Lula mandou José Dirceu, o coordenador político da transição, dizer ao PMDB que então o partido não ficaria mais com ministério nenhum. E deu no que deu: a grande crise política de 2005. Como se costuma dizer, é impossível governar o país sem o PMDB, e é muito difícil governar com ele.

Custa acreditar que um partido grande como o PMDB não tenha mais ninguém a oferecer ao país além de Moreira Franco e Edison Lobão. Parceiro na vitória, o partido do vice Michel Temer agora também é responsável pelo governo e precisa conter a sua gula para não ser um permanente gerador de crises, assim como o PT precisa se convencer de que não pode ser um partido de oposição no governo.

O problema não é saber se o presidente Lula está dando ou não muito palpite no governo da companheira Dilma, mas se a presidente eleita será capaz de indicar ao país os melhores nomes para cada função, tanto do ponto de vista político como profissional, independentemente de serem homens ou mulheres, brancos ou negros, altos ou baixos. Que sejam brasileiros de qualidades incontestáveis, acima de qualquer suspeita. Para isso, ela precisa começar a apresentar alguma novidade e, em algum momento, surpreender o distinto público para mostrar a que veio. Ainda é tempo.

http://www.revistabrasileiros.com.br/secoes/balaio-do-kotscho/noticias/1979/

sábado, 20 de novembro de 2010

A la Coben

Livros de jornalismo, aqui em casa, estão espalhados por toda parte. Jornais, revistas, textos diversos, etc, etc... O assunto, claro, é muito mais do que uma preferência, é uma paixão.

Há alguns dias, alías, há mais de dois meses uma professora da faculdade deu uma lista de livros para que escolhêssemos um, lêssemos e então, escreveríamos sobre ele. Dois meses se passaram. Uma semana para a atividade em sala sobre o livro e eu tinha decidido não ler. "Desaparecido para Sempre", esse é o título, de Harlan Coben. Eu não tinha dúvida, não iria gostar! Mas aí vem uma amiga alí, outro amigo aqui... e a minha velha preocupação de não deixar de fazer alguma coisa.

De repente, saio do trabalho, embarco na Vila Madalena. Não faço como de costume, até o Alto do Ipiranga, mas desço no Paraíso, aquele inferno de estação que, simplesmente, odeio. Linha vermelha e estou na Sé. Centro, não é possível não encontrar esse tal livro. Vários sebos e nada. O grande Messias (não ele, mas um de seus funcionários) me diz: "Ah, não temos porque está entre os mais procurados, vende rápido". Quase disse para ele: tem certeza que estamos falando do mesmo livro? Comprei outros títulos e saí. Cada vez mais tinha certeza de que realmente não conseguiria ler esse tal Coben. Perto do metrô, uma Saraiva e eu penso: só falta ter aqui, e eu terei que pagar caro em um livro que sei que não vou gostar. É, e tinha mesmo. O operador do caixa me disse: "esse é bom, né? está vendendo muito" e eu: ah, não sei, estou sendo obrigada a ler. Ele fez cara de espanto, e eu tentei minimizar: é que não gosto do gênero. Paguei e saí. Duas baldiações e, enfim, em casa. No caminho, um dos livros que havia acabado de comprar, sobre a nova ortografia, chamou mais a minha atenção do que "Desaparecido para Sempre". É... exigências da profissão. O que conhecia do livro era tudo que estava na sinopse. Romance policial e suspense. Cheguei em casa e dormi. Dois dias depois, dois para o tal trabalho. Era hora de começar a leitura.

Uma página, duas, três...
Estranhamente comecei a ler caminhando na rua, de pé no ônibus, quase dormindo no metrô, às 6h. Na ida e volta da faculdade, nas aulas chatas e até mesmo ficar fora de algumas. Enfim, toda aquela história de que não ia gostar foi puro pré-conceito. Sentia raiva quando descer do ônibus ou sair do metrô me fazia parar. Daí a ideia de ler andando...

Surpresa, choque e muitas reviravoltas. É uma eletrizante narração. O autor envolve profundamente o leitor. Pesquisei e descobri que os livros de Coben está no topo da lista dos mais lidos.

No suspense, Will Klien namora Sheila Rogers, mas não sabe nada sobre o seu passado. Não importa, ele a ama. Seu irmão Ken está desaparecido desde o assassinato de sua ex-namorada, Jullie Miller. Alguns acreditam que ele esteja morto. "Três dias antes de morrer, minha mãe me disse (...) - Ele está vivo. (...) Não tinha dúvida, o homem na fotografia era meu irmão, Ken."

Ken é o principal suspeito do crime. Onze anos depois, após a morte de sua mãe, Klein passa a investigar o que teria realmente acontecido. Ao lado do amigo Squares, ele faz descobertas inacreditáveis sobre o passado de seu irmão, dos amigos dele e de Sheila, sua namorada.

Surpreendentes revelações a cada página, e a sensação de estar cada vez mais perto da verdade. Teria Ken matado Jullie? Quais os segredos de Sheila? Ela é encontrada morta e a partir daí Klein começa a descobrir seu possível envolvimento na morte de Jullie e em outros diversos casos, como prostituição e tráfico de drogas.

"Tive a mesma experiência no enterro de minha mãe, aquela esperança de que, de algum modo, tudo não teria passado de um engano, (...) aquele corpo não seria de Sheila. (...) E foi então que a verdade se revelou para mim. (...) Sheila Rogers estava realmente morta. (...) Mas a mulher que eu amava (...) não era Sheila Rogers."

O suspense cresce a todo momento. Até o desfecho, muitas surpresas e choques a cada nova informação.

Magnificamente, Coben coloca o leitor na posição de investigador do crime. Cada fato revelado é uma peça do quebra-cabeça que está sendo montado. Não importa a preferência do leitor. Até o mais experiente deles é capaz de se envolver na narrativa de Coben.


Imagem: Google

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Abandono

Não esqueci do Reticências. Não mesmo! A culpa foi dos acontecimentos dos últimos dias...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Editorial IstoÉ

"ONDE ESTÃO AS PROPOSTAS?"

Carlos José Marques, diretor editorial

É o que todo mundo quer saber nesta reta final da campanha presidencial. A expectativa de que o segundo turno das eleições se convertesse numa oportunidade única de entender como serão os eventuais governos dos dois postulantes ao cargo foi pouco a pouco caindo por terra. Na medida em que os temas levantados – tanto nos horários eleitorais dos candidatos como nas declarações públicas e no confronto na tevê – partiram para a linha do bateu-levou, descendo ao fundo do poço da baixaria em questões oportunistas como fé e aborto, ficou claro que o caminho era o da pobreza do debate programático. A tática escolhida pelos contendedores impõe ao eleitor grandes prejuízos. É ele quem, em última instância, ficará desprovido de informações vitais na hora de optar por esse ou aquele presidenciável a merecer o seu voto. Como avaliar adequadamente as plataformas de gestão e a qualidade das propostas contidas nas duas alternativas de governo em disputa? Que rumos estão reservados para os próximos quatro anos de um país que, nos últimos tempos, entrou finalmente no trilho do desenvolvimento e vem oferecendo taxas recorde de crescimento econômico, de abertura de postos de trabalho e de melhoria geral da vida de milhões de brasileiros? Que garantias estão sendo dadas de que essa trajetória de avanços seguirá em frente com um ou outro dos aspirantes ao posto? A resposta está distorcida pela onda de boatos e promessas populistas. Falsas acusações, envolvendo os dois adversários, tomaram a internet. Uma hipocrisia dogmática sobre assuntos que logo após as eleições sairão certamente de pauta, como normalmente acontece, virou base de campanha dos marqueteiros. Onde estão as saídas para medidas essenciais como a revisão dos juros, reforma tributária, política cambial e a inserção do Brasil no clube das potências do comércio global? Ninguém sabe, ninguém viu. A grande discussão que restou aos candidatos é sobre o problema do aborto, que, para além das calorosas opiniões, se impõe antes de tudo como uma realidade dramática a afligir inúmeras famílias no País. Neste pormenor, os dois adversários ficaram reféns de uma espécie de chantagem em que a crença deve sublimar os fatos. Privatizar ou não é outro falso dilema, equivocadamente lançado na contenda. O Brasil já andou nessa direção, com privatizações tão oportunas como necessárias – sem as quais o cidadão poderia estar vivendo ainda no tempo das cavernas, caso por exemplo da telefonia. Lamentável é um embate no qual o que mais importa dá lugar a proselitismos.

N° Edição: 2136 20.Out.10

Certas palavras...

“O conhecimento não é sabedoria!
A aprendizagem só em si não é sabedoria.
A sabedoria é a aplicação do conhecimento e dos fatos.
A sabedoria é dar-se conta de que você não sabe nada.
A sabedoria é dizer: minha mente está aberta.
Onde quer que eu esteja, estou apenas começando.
Há cem vezes mais coisas a perceber do que o que conheço.
Isso é o princípio da sabedoria.”

Felice Leo Buscaglia


Imagem: Google

sábado, 16 de outubro de 2010

Deus é tema principal das campanhas eleitorais

O apelo à religião é ridículo. A situação agora é cômica. Não sabemos quais os projetos dos candidatos para o futuro do Brasil. Não falam de reformas, educação, saúde, muito menos em investimentos em infraestrutura. Não falam em lutar pela erradicação da pobreza, em acabar com a miséria do país, que, embora tenha melhorado, ainda é muito grande.

A discussão agora, no segundo turno, é sobre o aborto. Fazer ou não fazer? Legalizar ou não legalizar? Valores. Tentam a todo custo aumentar a popularidade entre os religiosos. A campanha tomou um rumo desnecessário. É um assunto extremamente polêmico. Cada um tem sua opinião, e não é ela que vai determinar se um candidato é melhor que o outro.

Jornais e revistas:

O Globo:

"Datafolha aponta queda de Dilma Rousseff entre eleitores evangélicos"
"Serra utiliza 'santinhos' para atrair voto cristão"
"Dilma faz comício ecumênico com Pai-Nosso"
"Sarney tem alta e critica discussão religiosa na campanha"
"Para Marina Silva, religiosidade do brasileiro não pode ser ignorada"
"Serra distribui cartão em que diz que 'Jesus é a verdade e a justiça', em busca de votos de evangélicos"

Folha.com:

"Dilma sofreu maior queda no Datafolha entre os evangélicos"
"Ala paulista da CNBB estuda limitar manifestações eleitorais de bispos"
"Gráfica recebe encomenda de bispo para imprimir 2,1 mi de panfletos anti-Dilma"
"Em mensagem, Dilma não diz que irá vetar projetos sobre aborto"
"Painel: Esforço para cotejar líderes religiosos divide campanha de Dilma"

Estadão:

"Santinhos de José Serra (PSDB) têm mensagem sobre Jesus"
"Em carta, Dilma assina compromisso contra o aborto"
"Ministério prorroga contrato de estudo para 'despenalizar' aborto"
"PT tenta barrar panfletos encomendados por bispo"
"Evangélicos fazem campanha contra Dilma no Espírito Santo"
"PT ataca tucanos com pílula do dia seguinte"

G1:

"Saiba como a questão do aborto foi tratada nos governos FHC e Lula"
"Religião em política gera 'fanatismo', diz Sarney ao deixar hospital"

Época:

"Em carta a religiosos, Dilma diz ser pessoalmente contra o aborto"
"Serra distribui santinho com mensagem sobre Jesus"

Veja:

"Discussão religiosa domina as campanhas do tucano e da petista"
"Pastores evangélicos do Senado fazem força-tarefa a favor de Dilma"
"Serra busca votos de fiéis com frase sobre Jesus em santinho eleitoral"

Repórter-carrapato

Essa é a vida que escolhi pra mim. Justamente essa. Correr atrás de políticos e me deliciar com cada palavra dita ao acaso, por eles, que, mal sabem, pode mudar o rumo de uma campanha. Como ocorre agora, nestas eleições. Um candidato diz uma coisa hoje e amanhã vai contra suas próprias afirmações. Apenas para que a maioria fique ao seu lado.

O que os candidatos à presidência, Dilma e Serra, também não sabem é que a população tem memória. E por mais que tentem fazer com que esqueçamos seus feitos, isso não acontece. Claro, infelizmente, há aqueles que insistem e persistem no erro. Mas como questioná-los se não há outra escolha. É deprimente pensar que o voto, para muitos, como eu, no próximo dia 31 será baseado na escolha do menos pior. Ou simplesmente para que o ruim ou péssimo não seja eleito.

Essa lambança na política brasileira dá muito o que falar, sempre. Não é difícil encontrar um assunto para debate neste meio.

Não há como nem por que fugir. Ao contrário, é fascinante e envolvente.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Partidarização da mídia acirra fim de campanha

Veículos criticam “autoritarismo” do PT; movimentos sociais rebatem

Do Brasil de Fato

qui, 2010-09-30 17:26

Renato Godoy de Toledo
da Redação


A estratégia de ataques à candidatura de Dilma Rousseff (PT) no final da campanha gerou animosidade entre a mídia comercial, de um lado, e o governo e defensores da democratização das comunicações, de outro. Em duas oportunidades, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a atuação da imprensa no processo eleitoral. Para o mandatário, alguns órgãos de comunicação agem como um partido.

Lula chegou a ironizar a revista Veja, referindo-se a ela como “uma revista que eu não sei o nome, acho que é 'Olha', se fosse no nordeste chamaríamos de 'Zoia'”.
A resposta da mídia veio em editoriais, artigos e até em um ato com cerca de 100 pessoas em São Paulo, que ganhou manchete no jornal O Estado de S. Paulo – o único veículo até o fechamento desta edição que declarou abertamente sua preferência por José Serra (PSDB).

Neste ato, ocorrido no dia 22 de setembro, algumas personalidades como o jurista Hélio Bicudo, dom Paulo Evaristo Arns e três ex-ministros de FHC criticaram uma suposta tentativa de cercear a democracia, por meio da “volta da censura”. Por outro lado, movimentos pela democratização das comunicações e centrais sindicais realizaram um ato com mais de 500 pessoas no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no dia 23 de setembro.


A atividade foi convocada antes mesmo de Lula realizar criticas aos meios de comunicação. Os órgãos de imprensa chamaram o ato de “chapa-branca”, “contra imprensa” e “pró-censura”. Para os organizadores, a grita da mídia contra o ato foi fundamental para o sucesso do próprio, que foi convocado apenas pela internet.
Um outro manifesto criado por juristas como Márcio Thomaz Bastos (ex-ministro de Lula) e Celso Antonio Bandeira de Mello (professor da PUC) e Dalmo Dallari (professor da USP) afirma que o Brasil vive em plena liberdade de imprensa e não há porque temer a censura.

Sem indícios

Para o sociólogo do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de Brasília (UnB), Fábio Senne, não há nada que sinalize que o governo esteja flertando com o autoritarismo e com a censura. “As declarações do presidente podem ser criticadas eventualmente pelo tom utilizado, pela postura que entenda como adequada para um estadista diante do processo eleitoral, ou, num debate de mérito, se a visão que Lula expressa sobre a imprensa é a mais correta. De forma alguma, porém, vejo ameaças concretas à liberdade de expressão deflagradas por estas declarações, ou pelo conjunto das ações do governo na área da comunicação”, afirma.

Os críticos ao tratamento do governo dispensado à imprensa evocam o PNDH-3, a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e a tentativa de criação do Ancinav (uma agência reguladora do audiovisual) como exemplos de investidas da atual gestão contra a liberdade de imprensa. “Do ponto de vista do conjunto das ações do governo Lula para o setor, não vejo ameaças concretas à liberdade de imprensa, como argumentam alguns colunistas e associações empresarias do setor. É possível identificar, claro, equívocos importantes do governo, como foi a tentativa de expulsão de jornalista correspondente do New York Times – erro assumido por integrantes do governo. Nos demais episódios frequentemente mencionados – como o debate sobre o Conselho Federal de Jornalistas (CFJ), a Ancinav, o PNDH-3 e a realização da Confecom – o debate público foi claramente vetado ou enviesado nos grandes veículos de comunicação, e não constituem, a priori, afrontas à livre expressão”, aponta Senne.

O sociólogo compara o caso brasileiro com o que acontece nos EUA, país cujo direito à livre expressão não é questionado pela imprensa brasileira. “Têm sido muito lembradas nesse momento, como ponto de comparação, as declarações da diretora de comunicações da Casa Branca, que no ano passado acusou a Fox News de atuar como 'braço armado do Partido Republicano' e afirmou que o governo tratará a Fox 'como um oponente'. Não vimos, neste episódio, o governo Obama ser taxado de promover atentados à liberdade de expressão”, ilustra.

Para o presidente do centro de estudos Barão de Itararé, Altamiro Borges, a imprensa no Brasil goza de plena liberdade e usufrui até de uma “libertinagem”. “Não há ameaça alguma à liberdade de imprensa. Em qualquer país do mundo uma revista que colocasse a foto do presidente com um chute no traseiro [como edição da Veja de 2006] sofreria um processo. As medidas que o governo pensou para democratizar as comunicações foram travadas. Não temos nem lei de imprensa, não temos nenhuma regulamentação do trabalho do jornalista que pode ser cada vez mais precarizado. [A grande mídia] não tem do que reclamar”, opina Borges, que foi um dos organizadores do ato do dia 23.


Mudança de postura?
Para Borges, o momento atual é o de maior acirramento entre o governo e a mídia. Segundo ele, Lula só foi afirmar no final de seu mandato que a mídia age como um partido – “antes tarde do que nunca”.

O jornalista afirma que há algumas mudanças importantes no segundo mandato de Lula e há boas sinalizações para um eventual governo Dilma. “O primeiro governo foi covarde diante da mídia. Cedeu em vários aspectos, num misto de ingenuidade e pragmatismo. Exemplo disso é a escolha do padrão japonês para a TV digital e o recuo na criação de um conselho nacional de jornalismo. Já a segunda gestão tem apresentado medidas interessantes, como a criação da Empresa Brasileira de Comunicações [EBC], a convocação da Confecom e uma nova politica de publicidade, que não deixa as verbas totalmente concentradas na grande mídia. Agora, sinaliza que há mais medidas a serem tomadas nessa área midiática. Quando ele diz que a mídia é um partido político, mostra que é necessário um novo marco regulatório para a área”, conclui.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um choque necessário

Ao entrar no Centro Cultural São Paulo o visitante se depara com as rampas de acesso. Ao desce-las, logo no primeiro andar, ele encontra um grande cartaz. E nele, a descrição: E.Co. Este é o nome da exposição que ficou em cartaz nos meses de julho e agosto.

O nome deixa claro sobre do que se trata a mostra: meio ambiente. Mais adiante, em paredes de madeiras dispostas pelo andar, diversas fotografias chamam a atenção. Sem início nem fim. Assim é a organização da exposição.

Em uma parede, imagens de 3 grupos de fotográfos peruanos que nos confrontam e interpelam. Imagens que iniciam uma ruptura com a realidade. A ficção se confunde com o real.

Em outro ambiente, espanhóis representam, através de suas imagens, a passagem da selva para a cidade grande. Observa-se fábricas, prédios e pichações. Pessoas comuns que trabalham na "cidade de gesso", Huelva. É possível notar dois grupos: os que defendem a industrialização e aqueles que lutam contra ela. Pessoas que lutam contra as chaminés que vomitam fumaça no céu da cidade.

Em uma das fotografias expostas, os espanhóis representam a revolta da população com o seguinte piche: "AKI NO AI PESCAO ESTA TODO MUERTO".

Da Alemanha, imagens chocantes. Os fotógrafos captam o sentimento através de imagens de um cemitério nuclear em risco de colapso. Para quem apenas vê, há o sentimento de impotência. E mesmo para quem tenta acabar com esse lixo, a sensação é a mesma. Ao lado do cemitério a Ilha Biquini. Moradores aparentam tristeza, solidão e medo.

Situada no Oceano Pacífico, a Ilha Biquini foi alvo do exército norte-americano. Foi lá que escolheram testar a bomba atômica. A tristeza é ainda mais visível quando se conhece a história dos habitantes da ilha. Por causa da radioatividade não podem sair de lá.

E, finalmente, Chernobyl. Cidade ucraniana é fotografada como sinônimo de castástrofe. A realidade de fato. Compreende-se o que é o vazio ao analisar Chernobyl. Cidade castigada pela maior tragédia nuclear, e que sofre até o hoje as consequências do acidente que deixou danos irreparáveis.

E assim são representados estes e mais 9 países. Brasil, Reino Unido, Portugal, México, Venezuela, Costa Rica, Argentina e Itália.

A mostra é denominada Coletiva. E.Co: Coletivos Fotográficos. Um fenômeno contemporâneo que vem se desenvolvendo como um novo modelo de representação. Os artistas provocam uma reflexão sobre o que acontece com o meio ambiente. Para isso trabalham na esfera da ação documental e social.

Com curadoria do artista espanhol Claudi Carreras, a mostra é uma união de 20 grupos de fotográfos de países diversos, da América Latina e Europa, que passam emoção e comoção ao mostrar o lado esquecido de alguns lugares.




segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Por dentro do Mercado da Lapa

À procura de porangaba, colônia, peregum, folha de fogo, chapéu de couro, capeba, acocô, mão de Deus, gervão ou embaúba? Mercado da Lapa. É lá que encontramos tudo isso e muito mais. Temperos diversos, originários de várias regiões do Brasil? também tem lá. Peixe? Não há um só corredor sem um box com pacu, pintado, barbado, piranha, e claro, o bom e velho bacalhau salgado.

Além da variedade de produtos, o Mercado da Lapa também guarda alguns personagens. Como o sr. Ari. Não tinha intensão de conhecer a história desse vendedor de peixes. Era apenas mais um entre os que gritavam "bom dia, olha a castanha, moça!", "o que vai ser hoje, dona?", "olha, olha... aqui tem tudo pra sua feijoada!".

Sr. Ari tem 59 anos. E há 5 trabalha no Mercado. Tem uma aparência cansada. Homem pequeno, magro e baixinho, franzino.

Chama os clientes ao seu box, o Lucky 82, oferecendo receitas. Se ele sabe cozinhar? "Não. É apenas truque de vendedor", diz. Com um sorriso tímido, sr. Arí diz que não tem mulher. "Não penso nem em morar junto. Tô bem sozinho. Também não tenho filhos". Aposentado, trabalha apenas aos sábados. Vender peixes foi o que sempre fez em sua vida. "É o que eu sei fazer. Só isso". Durante a semana encontra os amigos, dá voltas pela cidade e volta para casa, sozinho. "Me acostumei a viver só. Eu me viro, moça. É melhor assim".

Entre uma pergunta e outra, sr. Ari olha para o sr. Marcelo, o dono do box. "Sabe, você não veio num dia muito bom, sábado aqui é muito cheio. Bom mesmo é na semana". Sr. Ari rasga um pedaço de papel e embrulha o peixe como se fosse um presente e entrega a sua cliente, diz obrigado, e fala: "é assim, a gente tem que ser bom no que faz senão fica desempregado."

Caminha de um lado para o outro com as mãos nas costas, dá bom dia a quem passa e oferece ingredientes para uma feijoada. "Caro? mas é bacalhau direto de Portugal!", fala a um outro cliente.

Além de arriscar umas dicas de receitas, sr. Ari oferece temperos. Descreve como ficará a textura do bacalhau se cozido com leite de coco. Quem leva a mercadoria acredita no que diz.

Sr. Ari é apenas um dos muitos personagens do Mercado. Que esconde em cada canto histórias diversas e curiosas. Basta uma volta para ouvir o tintilhar dos grãos sendo despejados nos sacos plásticos e jogados na balança. Mais uma volta e percebe-se uma variedade de aromas indecifráveis.

Sair do Mercado da Lapa sem uma sacola na mão é praticamente impossível.

sábado, 11 de setembro de 2010

Loucura por um sonho

Atrás do pai, menino dirige ônibus nas ruas de São Paulo

Em Capitães de Areia, Jorge Amado narra a história de garotos de rua, independentes, que lutam sozinhos pela sobrevivência. Além disso, se divertem, brincam como criança que são e têm responsabilidades de adultos.

Assim é Buiú. Um garoto de 12 anos que vive vagando pelas ruas de São Paulo em busca de possíveis aventuras.

Diferente dos meninos de Jorge, Buiú tinha uma intenção maior ao pegar um ônibus no Terminal Tiradentes e sair dirigindo pela cidade. Seu destino era São Bernardo do Campo. Lá, pretendia encontrar seu pai, Jesus, cobrador de ônibus que deixou a família quando Buiú tinha apenas cinco anos.

Após o desaparecimento, Buiú empenhou-se em aprender a dirigir ônibus, paixão declarada, para, um dia, sair à procura de Jesus.

Buiú sempre fez muitos amigos na rua, e, nos terminais de ônibus também. Insistente, conseguia convencer todos os motoristas e cobradores a deixá-lo acompanhar as viagens de algumas linhas. Assim aprendeu a dirigir. Olhando cada movimento do motorista. E, principalmente, passou a conhecer diversas vias da cidade, ou pelo menos as mais importantes.

Quando sentiu que estava preparado e teve o destino a seu favor, Buiú saiu tranquilo e feliz pelas ruas com a certeza de onde seria sua parada naquela noite.

Em meio à loucura, e extasiado de alegria, desacreditado da malandragem, Buiú foi parado por dois policiais. Assustado, bateu em outro ônibus. Foi levado à delegacia e de lá para a Febem. Assustou-se ainda mais ao encontrar garotos como o que matou o próprio pai. Chorando, pedia para a mãe tirá-lo daquele lugar.

Passado o susto, Buiú mostrava-se feliz pelo sonho realizado. No sorriso orgulhoso, o que se via era um menino, apenas um menino.

Sua mãe o conhece bem. Ele já passou um ano fora de casa. É do tipo que ama a liberdade, que sabe o que quer. E sabe o que fazer para conseguir.

É provável que, embora tenha dito que não fará novamente, a próxima aventura vá além de uma viagem de ônibus. Para um garoto como Buiú não há limites de coragem.


...


*Matéria publicada no Agora, sem nenhuma humanização.
*Por Ricardo kotscho, ela foi tão bem elaborada que não parece a mesma.
*E, finalmente, a minha.

domingo, 5 de setembro de 2010

Propaganda eleitoral tem diversão garantida

As opções de candidatos para deputados estaduais e federais são um tanto quanto bizarras. Mas, infelizmente, é possível que muitos deles sejam eleitos. Tiririca, Mulher Pêra, Maguila, etc, etc... É uma lista extensa de pessoas que, como disse o próprio Tiririca à Folha de São Paulo, não sabe o que deve fazer, se eleito. Na Câmara dos Deputados vai faltar apenas a lona, porque o circo já está montado.


sábado, 28 de agosto de 2010

Graciliano Ramos sobre a arte de escrever


"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.
Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bate-papo com Raphael Penteado

Após postar um link da Revista Cult em meu Facebook, Raphael Penteado fez alguns comentários. O assunto da matéria é o Governo Lula. No semestre passado, fiz uma entrevista com Raphael, e o tema era o mesmo, a situação do Brasil após 8 anos do governo petista. E, mais uma vez, debatemos a respeito disso. Achamos interessante e por isso decidimos postar em nossos blogs.

LINK: ‎"Dossiê: A Era Lula - política, economia, movimentos sociais, cultura e educação: o legado de um presidente improvável". "...Eis aqui o cerne da questão: após sete anos de “regressão política”, 83% de aprovação no Ibope não pode ser obra da divina providência."

Revista Cult » Movimentos sociais na Era Lula
http://revistacult.uol.com.br/home/2010/07/movimentos-sociais/
Site da Revista CULT

Raphael Penteado: Me parece que esse artigo ilustra bem a essência da extrema esquerda no Brasil (que inclui elementos do PT, PSOL, PCdoB, etc): um desapego e/ou um desprendimento total com a realidade. É impressionante que consigam manter viva a ilusão marxista/socialista de que um Estado forte é a solução para a desigualdade no Brasil. Um século se passou, o mundo viveu a experiência socialista, e não há um único exemplo de êxito. Eles continuam a enxergar que a resposta continua a vir de cima (do Estado, liderado por um político iluminado) e teimam em negar a essência democrática de uma solução CAPITALISTA. De duas, uma: ou um cretinismo absoluto ou um mar de burrice intransponível. O cerne da questão: meu Deus, por onde começar?
05 de agosto às 09:58

Clarisse Sousa: Oi, Raphael, não acredito que haja mais essa separação esquerda/direita. O que há na verdade é um governo que começou a lutar pelo fim da desigualdade no país, e melhor ainda, conseguiu diminuir o índice de pobreza como nenhum outro. O governo Lula pensou nos pobres. E não é porque deu "esmola" com o Bolsa Família, é porque deu àqueles necessitados o que comer. Você acha que tais partidos citados acima conseguiriam mudar a política brasileira? Eu acho que não. Acredito que nenhum governo será capaz de mudar o caminho que o Brasil segue e não há motivos para isso. O que farão, sem dúvida, é dar continuidade a essa política. É isso que todos os candidatos dizem, reparou? Ninguém fala em grandes mudanças. E não será preciso começar. O começo se deu há 8 anos. Agora, como continuar?
05 de agosto às 19:12

Raphael Penteado: Oi Clarisse. É claro que existe, mas hoje eles tem nomes mais bacanas: direita = neo-liberal; esquerda = 3a via.
Infelizmente o que há no Brasil hoje é um grande problema de percepção. Todos acreditam que o Bolsa Família que está resolvendo todos os problemas sociais no Brasil. A realidade é bem diferente. Veja, não tenho absolutamente nada contra esses programas sociais. Mesmo porque a maioria desses programas foram criados antes do governo Lula (com excepção do Fome Zero). O que critico sim é que o governo deixou de exercer critérios importantes na execução desses programas. Por exemplo, antes havia o Bolsa Escola (projeto do Cristóvam Buarque - PT, implementado no governo FHC) que dava dinheiro para as famílias só se as crianças tivessem presença na escola. Isso ajudou a diminuir muito o trabalho infantil no Brasil. O governo tirou esse critério. Resultado: o trabalho infantil nos últimos 7 anos só cresceu.
05 de agosto às 23:43

Raphael Penteado: Mas voltando ao que interessa: nenhum desses programas sociais foi responsável pela melhoria da distribuição de renda no país. Os próprios economistas do PT estimam que o impacto desses programas só explique 30% das melhoras em distribuição de renda. O que aconteceu mesmo foram os ganhos reais do salário mínimo e do crescimento da economia brasileira. E isso não é obra do atual governo! O governo votou contra os aumentos do salário mínimo. Só que o povo não entende isso. É problema de percepção. A economia atual foi construída nos últimos 20 anos. Por exemplo, hoje o brasileiro dirige Renault, Citroen, Hyundai, Peugeot, etc. porque o governo Collor abriu o mercado brasileiro. Isso aconteceu a quase 2 décadas. Mas analisar a economia de hoje e entender que isso foi construído durante 20 anos é uma análise difícil, não dá para esperar que o povo (de uma forma geral) consiga fazer essa análise. Agora, por isso mesmo meto o pau sim, em quem tem instrução, preparo, educação e continua a ignorar os fatos. Você sabe porque os candidatos dizem que vão dar continuidade às políticas do governo Lula?
05 de agosto às 23:57

Raphael Penteado Porque o Ibope fez uma pesquisa. Essa pesquisa identificou que o fator de maior impacto nas eleições desse ano é "quem vai dar continuidade às políticas do governo Lula". Mas foi essa mesma pesquisa que identificou tudo que falei acima. Ninguém fala em grandes mudanças mesmo porque o Lula também não as fez. Tenho duas grandes críticas ao governo Lula: a conivência com a corrupção e a demagogia que continua a propagar essa interpretação de que "nunca antes na história desse país..." Isso é cretinismo, eles sabem muito bem que não foram eles - porque eles não mudaram nada!! Critico muito essa demagogia porque isso reflete um partido que não tem um projeto para o Brasil, mas sim um projeto de poder.
06 de agosto às 00:12


Clarisse Sousa:
Mas você classifica o governo Lula, um governo de esquerda? Eu não acho. Desde o começo ele demonstrou que não era um "comedor de criancinhas". Apenas um líder sindical que chegou ao poder, amedrontando a elite. Concordo quando diz que o Bolsa Família não resolve os problemas socias no Brasil, acho realmente que tem muito o que melhorar. Mas você tem que concordar que é uma grande iniciativa, é um começo. Sim, foi um programa desenvolvido no governo anterior, mas foi neste que ele foi ampliado, racionalizado. Pela primeira vez, a luta contra a miséria e a desigualdade transformou-se em um problema administrativo. Os direitos sociais nunca foram prioridades. No aspecto econômico, o Brasil melhorou muito, melhorou horrores. E mais uma vez, uma continuidade da política anterior. Acho que o Lula teve sorte, !? Parece que estava tudo no forno e ele apenas tratou de servir o bolo. Agora, não entendo porquê o FHC não fez isso, só agora apareceram números como 250 bilhões de dólares de reservas externas. O Brasil, agora, é bem visto lá fora. De devedor, passou a ser credor internacional. Quanto aos candidatos, ninguém quer parecer ser inimigo de um dos governos mais populares da história do país. Os 39% de intenção de voto para Dilma na pesquisa IBOPE é, na verdade, de Lula.
07 de agosto às 20:37

Raphael Penteado (via e-mail): Primeiro, acho importante entendermos o contexto histórico. O Brasil declarou moratória duas vezes, em 1982 e 1987. Para qualquer país, isso é economicamente desastroso. O país fala para seus credores internacionais: “devo e não pago”. Eventualmente, lógico, o país tenta renegociar e pagar em outros termos. Mas isso acaba com a credibilidade externa do país, tornando o financiamento de qualquer coisa muito difícil. Sete anos depois, e com a inflação completamente descontrolada, o Brasil lança o plano Real. O Real tinha duas condições fundamentais: uma rigidez monetária com o Real atrelado ao dólar e uma melhora do desempenho fiscal. Não é só o Brasil, isso é básico de qualquer economia, o governo só tem duas ferramentas à sua disposição para controlar ou estimular a economia: monetária ou fiscal (muitas vezes uma combinação das duas). Para controlar a inflação, você aumenta a taxa de juros (política monetária) ou corta gastos do governo (política fiscal). Para estimular a economia, você faz o contrario. No Brasil, nós tínhamos um outro problema: a indexação. O Brasil atrelou o valor do Real usando suas reservas como garantia. Então quando havia pressão no mercado para forçar uma desvalorização do Real, o BC intervia e comprava Real para segurar o cambio. Só que aí pegamos todas as crises mundiais imagináveis: México (94), tigres asiáticos (97), e Rússia (98). Só que aí é que o contexto se torna importante, o Brasil havia conseguido muitos ganhos, mas a nossa credibilidade internacional não era nenhuma Brastemp. Para piorar, o clima de investimento internacional era altamente especulativo, e o investidor colocava todos os países emergentes num saco só. Não haveria porque quebras do outro lado do mundo afetassem a nossa bolsa, mas mesmo assim a nossa despencava. O investidor só aprendeu a fazer uma diferenciação muito recentemente. Então eles apostavam que o governo não ia conseguir bancar uma taxa cambial fixa (não tinha reservas suficientes para isso), aí ele apostava que o Brasil não aguentaria as pontas e apostava contra, colocando uma pressão tremenda em na taxa cambial. Em 1999 a coisa estourou e o Brasil foi forçado a desvalorizar o Real. Havia muito receio no governo que isso causasse uma volta da inflação por causa da indexação. Ninguém sabia o que ia acontecer, e o receio da volta da inflação era completamente justificável. A indexação fazia parte da cultura brasileira e ninguém sabia se a política monetária ia conseguir segurar a onda (a outra, a fiscal, praticamente nem existia ainda! A lei de responsabilidade fiscal só foi aprovada em 2000). E esse ponto eu não posso enfatizar o suficiente: o controle da inflação foi fundamental para o crescimento sustentado do Brasil e proporcionou uma melhora tremenda na desigualdade no Brasil! É isso mesmo, o controle da inflação teve um impacto social gigantesco. A diminuição da desigualdade durante a implementação do Real foi da mesma proporção da diminuição da desigualdade durante o governo Lula! Mas a desvalorização do Real também teve um impacto positivo: barateou as exportações brasileiras proporcionando um impulso para a indústria brasileira, mas principalmente para os agros-negócios. Isso rendeu muitas divisas para o país. Ah, e vale lembrar que as crises não pararam por aí: Nasdaq em 2000 e 11 de setembro de 2001 (teve um impacto enorme na economia mundial).

Agora, o governo atual. O que foi exatamente que o Lula fez que resultou na bonança que estamos vivendo hoje? Que política fiscal ou monetária que ele implementou? Qual foi o passe de mágica? NENHUM. NADA. Alguém até poderia argumentar que os aumentos dos gastos sociais e do salário mínimo estimularam a economia. E com certeza tiveram um papel importante. Mas essas medidas estimulam o mercado interno! Isso não explica os 250 bilhões de dólares em reservas externas. Muito pelo contrario, o estimulo interno da economia impulsionaria as importações, reduzindo as reservas brasileiras. Ou seja, essas medidas não explicam o crescimento da economia brasileira. O impulso mesmo foi a desvalorização do Real que proporcionou um impulso enorme para as exportações brasileiras. Fora que arrumamos a casa e o Brasil (principalmente o setor privado) conseguiu financiamento muito barato lá fora. E o contexto (esse dito cujo de novo) mundial foi várias vezes melhor. O mundo cresceu muito. E o pior, o Brasil cresceu menos!! Nos últimos 7 anos, o Brasil só cresceu acima da média mundial duas vezes!! Isso significa que poderíamos ter crescido muito mais. E se o Lula deu sorte? MUITA! Você se lembra o que estava acontecendo no mundo antes dessa última crise eclodir? Barril de petróleo a US$150, escassez de comida em vários países... o cenário era de INFLAÇÃO. Só que a crise atual jogou um balde de água fria em tudo. E o Brasil estava e continua a estar em um cenário de inflação acima da média. Lembra o que eu falei sobre estimular a economia (você faz o contrário)? Ou seja, o aumento dos gastos públicos que estava a beira de causar a inflação a subir muito, foi exatamente o que ajudou a sair da crise mais rápido. Mas, voltamos a crescer já com a inflação em alta. Só nos primeiros 7 meses do ano, o índice de inflação já é de 4%, quando a meta do BC para o ano inteiro é de 4,5%!! Isso é gravíssimo (mesmo que a imprensa não faça muito estardalhaço). Voltar a deixar a inflação a subir muito seria um retrocesso muito grande. Essa história do Brasil sair de devedor e ser credor é muito bonitinha. Só que os fatos enganam. O governo deixou de buscar financiamento lá fora e passou a se endividar aqui mesmo. Nos últimos 7 anos, a dívida pública praticamente dobrou. É um fato importante, mas também é importante analisar o que está por trás disso.

Com relação ao governo Lula ser de esquerda, disso não há dúvida: é sim. Só que o Lula fez um governo de centro-esquerda (igual ao do FHC). O problema é que no Brasil o debate político é sempre de centro-esquerda versus extrema-esquerda. Esse papo de elite versus classe trabalhadora é um conceito antiquado e problemático. Como já disse – a extrema-esquerda continua a remeter os seus argumentos a um mundo onde Lênin e Marx são contemporâneos. Não é possível que continuem a enxergar um mundo através desse prisma. O mundo mudou e eles ainda não perceberam. Isso acaba prejudicando muito o debate político porque o Brasil se beneficiaria muito mais de um debate de centro-esquerda versus centro-direita; como é no resto do mundo – principalmente no mundo desenvolvido onde os índices sociais dão de dez a zero nos nossos.

...

Gostaria de agradecer ao Raphael, Economista e Cientista Político, pelos comentários. Discussões como esta nos enriquece, sempre.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Brasil! Meu Brasil Brasileiro

Dificilmente abro e-mails em que o assunto começa com "ENC:" porque quase sempre não é nada importante. Claro, tudo depende de quem envia. Com paciência e um pouco de curiosidade li este até o final. Depois do "ENC:" eis o título: "O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL", e mais: "LEIA COM ATENÇÃO". Sim, eu sei que essa frase está presente em todas as malditas correntes, por isso não me atentei a ela. E prossegui...

"Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.
Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.

Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.

Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.

Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.

Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.

9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO- 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México , são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é 1º maior mercado de jatos e helicópteros executivos do mundo.

Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?

1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?

3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando..

É! O Brasil é um país abençoado de fato.
Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.

Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente.
Bendita seja, querida pátria chamada
Brasil!"


P.S.: Discordo de algumas coisas descrita acima, mas é bom ver o Brasil sendo visto assim. Nem tudo são flores. Não podemos esquecer, jamais, a fome, a péssima educação, a saúde precária, entre tantos outros muitos problemas do país. É aquela velha história, os problemas dos outros são sempre menos preocupantes do que os nossos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Absurdo. Até quando isso vai acontecer?


Matéria do Estadão:


Mais de 120 baleias-piloto são mortas nas Ilhas Faroe, província da Dinamarca
Todos os anos, espécie Globicephala melaena passa pela costa e é alvo de caçadores

23 de julho de 2010 15h 35

Fotos: Andrija Ilic/Reuters


Mais de 120 baleias-piloto mortas nesta sexta-feira, 23, são vistas no Porto de Tórshavn, nas Ilhas Faroe, uma província autônoma da Dinamarca entre a Escócia e a Islândia.

Todos os anos, grupos da espécie Globicephala melaena passam pela costa do arquipélago no Atlântico Norte e são alvo de caçadores.



No passado, os pescadores usavam lanças e arpões, mas hoje utilizam equipamentos modernos, como facas especiais, cordas e bastões de medição.

Na foto abaixo, um morador das Ilhas Faroe mostra ao filho como retirar os dentes da boca da baleia.




http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,mais-de-120-baleias-piloto-sao-mortas-nas-ilhas-faroe,585231,0.htm

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Palavras de um grande [melhor] poeta

"A minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais..."



Genial. Belchior, o grande poeta, nos faz pensar na realidade em que vivemos e o quanto os nossos olhos se acostumaram com tais situações. Tudo isso, e muito mais, está o tempo todo ao nosso redor. Não precisamos ir muito longe.

A pergunta é: o que fazemos para que isso mude? Nada.

"Você não sente nem vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer..."

Como gostaria de poder acreditar que isso possa, de fato, acontecer. Mas ainda não acordamos para este mundo cruel e injusto. Somos individualistas demais, e infelizmente, o que canta Belchior é utopia.

"...E precisamos todos rejuvenescer..."

O que cada um pode fazer, e devia sentir-se obrigado a isso, é dar poder a quem ao menos tenha vontade de mudança. E não apenas para aquele que faz promessas e mais promessas. É preciso estar atento às necessidades reais de nosso país. Acabar com a fome, é sem dúvida, a principal delas. A fome mata. É questão de sobrevivência, embora há quem diga que vive de "luz". Se isso é possível, então que dê a receita para tantos milhares de miseráveis espalhados por aí.

...

"Tá faltando emprego
Neste meu lugar
Eu não tenho sossego
Eu quero trabalhar
Já pensei até em passar a fronteira.
- eu vou pra são paulo e rio(eldorados da além - mar)
A estrada é uma estrela pra quem vai andar."

... "A felicidade é uma arma quente."

sábado, 10 de julho de 2010

Zuenir Ventura

Que livro! Várias histórias do autor, ou seriam minhas? Me confundi. Acreditava ser eu a protagonista de alguns momentos narrados. Desde sua infância até os dias atuais, Zuenir "tenta", assim diz ele, buscar em sua memória, "não muito boa" (aí, ele se engana), fatos históricos que marcaram sua vida como jornalista. Vale muito a pena "Minhas histórias dos outros". Assim como seus demais livros, todos excelentes, "1968 - O ano que não terminou" e "Chico Mendes - Crime e Castigo".



...

"O jornalismo é um processo que exige incessante aperfeiçoamento, deve ser um constante aprendizado, um permanente exercício de humildade. O erro de hoje faz esquecer o sucesso de ontem. Um jornal pode ter 100 anos de existência, mas sua credibilidade dura 24 horas, ou seja, precisa ser renovada a cada dia. Um crédito perdido é muito difícil de ser recuperado, se é que é possível recuperá-lo. Talvez seja o capital mais difícil de acumular e mais fácil de perder. Em termos de televisão então, esse tempo se reduz a segundos, que é a unidade do veículo: a confiança pode ser perdida não em 24 horas, mas em segundos." (o artigo na íntegra está no site No Mínimo)

***

"Não viemos à Terra para julgar, nem para prender ou condenar, viemos para olhar e depois contar. Não somos juízes, não somos promotores, somos jornalistas, somos testemunhas de nosso tempo, uma testemunha crítica, não necessariamente de oposição, mas implacavelmente crítica. Não quarto poder, como a imprensa gosta de se proclamar, mas contra-poder, ou seja, independente em relação a todo poder – executivo, policial, econômico, político ou jurídico."

***

"O jornalista irresponsável não será menos irresponsável por ser jornalista. Ao contrário, o jornalista leviano é tão nocivo ao jornalismo quanto um censor consequente. Com uma vantagem para este último: em nenhum momento ele finge servir à imprensa."

Zuenir Ventura
http://www.zuenirventura.com.br/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A paciência é uma virtude

Como não perder a paciência quando, após várias tentativas, não conseguimos resolver o nosso problema através do telemarketing de uma empresa? Além de sermos obrigados a ouvir toda aquela ladanhia de andos e andos, ao final da ligação, quase sempre, o atendente não ajudou em absolutamente nada.

Hoje, minha ira é culpa da magnífica Telefônica. A melhor empresa do Brasil, quiçá do mundo. Uma ligação, duas, três, quatro... e eis que na quinta vez, consegui falar 30 minutos sem que ela caísse. Esperançosa de que o tal Cristofer descobrisse o problema com minha internet, agradecia a cada "só mais um momento por favor" que ele insistia em dizer a cada 5 minutos mudo. Mas como já era de se esperar, mais uma vez, o tal "vou estar verificando" (subentende-se: atendente mal informado), completa: "sra., não sei mais como posso te ajudar. Estarei marcando a visita de um técnico para estar verificando qual o problema em sua linha". Não será necessário dizer qual foi a minha reação, e o que disse para o "ser" do outro lado, afinal, quem já não passou pela mesma situação?

Aliás, outro dia um amigo me contou uma situação semelhante. Mas sua revolta foi com a NET. Empolgado com os jogos da copa resolveu comprar uma super, mega TV. Dessas toda turbinada. "Pela descrição do vendedor, no mínimo, ela até voa!", disse todo contente. Pagou caro, claro. Em época de mundial, os preços vão às alturas. Mas o valor era o menor de seus problemas.

Ansioso, logo que chegou em casa conectou os cabos do decoder NET Digital no novo aparelho. Queria, o mais rápido possível, maravilhar-se com a tal high definition, a imagem perfeita. "Provavelmente, parecerá que o William Boner está apresentando o JN sentado no sofá de minha sala", conta o que pensou instantes antes da DECEPÇÃO. Sim, porque não demorou muito para ele perceber que tudo isso não passaria de sua imaginação. O apresentador do JN não estava ao seu lado, como pensara. Aliás, o enxergava de forma embaçada.

E aí, veio a decisão. Ligar para a NET. É, buscar paciência seja lá onde for e entrar em contato. Quem sabe não teria sorte. Nós somos assim, no fundo acreditamos.

Não teve. Assim como aconteceu comigo, quem o atendeu, não sabia como ajudá-lo. E pior, não tinha conhecimento das informações necessárias a respeito do plano que ele havia comprado. Disse apenas que ele deveria contatar a fabricante da TV, pois, o problema, provavelmente, seria com o aparelho. E ele fez isso. Mas surpreendentemente, dessa vez, ele foi muito bem atendido. A LG, parece, tem bons operadores de telemarketing. Este, explicou que a NET deveria ter fornecido um determinado cabo (SVHS), só assim obteria uma imagem em alta definição.

Cheio de paciência e vontade de ver os jogos, ligou novamente para a NET. Relatou tudo outra vez, inclusive do contato com a fabricante, etc, etc. Marcaram a visita de um técnico em sua casa.
Mais uma surpresa. O tal técnico foi sim a sua casa. Porém, disse não poder ajudá-lo. Alguma novidade? E mais, afirmou que a NET não fornecia o cabo SVHS e que ele teria que comprar. A solução do técnico? "Se o sr. quiser, eu tenho um aqui, posso vender por R$30". Recebeu um belo NÃO.

Agora sim, cansado de tudo, desligou a NET e conectou sua novíssima TV a sua velha antena UHF.

"Espetei os cabos e... na hora... a Fátima Bernardes estava praticamente ao meu lado", contou desacreditado.

Imagem perfeita? Sim. Exatamente como havia imaginado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uma breve manifestação


globoesporte.globo.com

Como o brasileiro vibra. E como se entristece e chora. Decepção. Este é o sentimento de todos após a derrota para a Holanda. Desde os primeiros jogos, era notável que a seleção pentacampeã não estava muito bem. Mas a esperança, como sempre, é a última que morre. Deixar de torcer, jamais.

Faltava minutos, segundos para o fim do jogo e ainda esperávamos que algo pudesse acontecer. E tivemos oportunidades. Mas parece que não era mesmo para sairmos da África do Sul como hexacampeões. Não foi dessa vez!

Resta-nos apenas esperar por 2014. Que possamos contar com uma equipe que nos dê orgulho novamente, como nas copas passadas. E que a agonia vivida por todos os brasileiros nesta copa - não se repita.

domingo, 27 de junho de 2010

Desastre no Nordeste. E daí?

Caos, desastre e morte

Milhares de pessoas desabrigadas, mais de 50 mortes e 150 desaparecidos.
Isso é o que acontece, em Alagoas e Pernambuco, enquanto discutem os gols da copa. Não é novidade que o futebol chame mais atenção do que qualquer outra coisa no Brasil. Em outra época, os jornais sensacionalistas estariam acampados nos escombros do desastre.

A campanha contra a Globo no twitter (#diasemglobo), na última semana, pode não ter tido o resultado esperado, mas a mobilização foi imensa. Por que não fazem o mesmo em prol das vítimas das chuvas no Nordeste? A mesma coisa aconteceu no episódio #CalabocaGalvão, aliás, com repercussão nas mídias internacionais, como o The New York Times Journal

É notável a importância dada a certos assuntos insignificantes. E o pior, não vejo como isso possa mudar. Todos são facilmente influenciados. Aquilo que precisa ser lembrado e discutido é posto de lado. Para essas pessoas, o que ocorreu no Nordeste? Apenas uma fatalidade, e ponto.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Entre aspas

Com Raphael Penteado


É formado em Economia e Ciências Políticas pela Washington & Lee University nos EUA e trabalha com consultoria de marketing pela Marketing Boutique em São Paulo.

Em entrevista para a revista do meu grupo na faculdade, Raphael fala a respeito do Governo Lula.

Principais mudanças

Os fundamentos da economia brasileira são os mesmos desde 1999, muito antes do governo Lula. Aliás, um dos elogios que mais se faz ao governo Lula é exatamente o de ter mantido as políticas econômicas do governo anterior. Em 1999, o governo FHC foi forçado a flexibilizar a política monetária, criando a política de bandas e depois a política de metas de inflação para o Banco Central. Isso permitiu uma desvalorização controlada do Real, barateando os produtos brasileiros (principalmente os agrícolas), o que impulsionou o crescimento do Brasil. A lei de responsabilidade fiscal também foi crucial, pois, permitiu que o governo controlasse a dívida pública e deu credibilidade ao Brasil para conseguir financiamento mais barato lá fora. Esse foi um dos grandes motivos da melhora na avaliação das agências credoras sobre o Brasil e a redução do “Risco Brasil”.

Mas houve sim um aumento na renda do brasileiro. Por quê? Porque a oposição passou aumentos sucessivos do salário mínimo. A estratégia da oposição era forçar o presidente Lula a vetar os aumentos do mínimo para não por em risco as contas da união. O tiro saiu pela culatra. Embora o governo tenha feito pressão no Congresso para derrubar os aumentos, Lula não usou o veto. Assim, o ganho do brasileiro aumentou e Lula foi reeleito. Com isso, a dívida pública aumentou quase 80% durante os 8 anos do governo Lula. Vai ser um abacaxi e tanto que ele vai deixar para o próximo governo.

Heranças do Governo Lula

Uma das principais heranças que o Lula nos deixará é a credibilidade do Brasil lá fora. O Brasil está demonstrando que é um país sério. Não importa quem esteja no governo, estamos comprometidos com a estabilidade e - trabalhando para continuar um ciclo de crescimento sustentado. Sem surpresas e nem milagres. Ao mesmo tempo, Lula vai deixar uma máquina administrativa inchada e uma dívida pública alta. Por enquanto nos saímos bem. Mas o que ocorreu com países como a Grécia, Portugal, Itália, Espanha, entre outros, deveria nos servir de aviso. Se não conseguirmos manter a credibilidade de que conseguiremos pagar as nossas dívidas, o clima de otimismo pode virar, principalmente em um ambiente tão incerto como o de hoje. Não podemos correr esse risco.

Prioridades para o próximo governo

Os fundamentos da economia não podem mudar de forma alguma. Aliás, precisamos trabalhar para continuar as reformas. O Brasil, durante o governo Lula, não fez o dever de casa. Precisamos da reforma da previdência para ontem. O pior é que o Congresso foi na contramão e acabou de passar o fim do fator previdenciário. Se confirmado, isso vai piorar ainda mais a situação das finanças públicas. São tantas as reformas... a política, a judiciária, a fiscal. O Brasil fez o trabalho pela metade. As coisas já melhoraram bastante, mas precisamos fazer mais para assegurar que as melhoras sejam permanentes. O mundo ainda é um lugar de muitas incertezas. Se não nos esforçarmos agora, a longo prazo estaremos colocando esses ganhos em risco. Isso tem que ser um esforço não só do próximo governo, mas também do Congresso. E deveria ser a pauta do debate político desse ano; a sociedade precisa participar desse diálogo.

Popularidade de Lula

O povo vai eleger o próximo presidente do Brasil, e o Lula não é candidato. Eles terão que escolher entre a Dilma e o Serra. O Lula pode apoiar e dar a sua opinião, mas opinião todo mundo tem. Na hora de votar, o eleitor vai entrar na cabine de votação e escolher a pessoa que ele achar ser mais capacitada. Para ser eleita, a Dilma precisa comprovar que ela é mais capaz do que o Serra.

Lula em 2014

Talvez sim, talvez não. Isso não importa. Acorda Brasil, estamos construindo um país. Temos que pensar em todas as futuras eleições, não só a de 2014, mas também as de 2018, 2022, 2042... Com ou sem Lula, o Brasil terá muitos outros presidentes, congressos, governos e políticos. Temos que nos preocupar com a qualidade da sociedade que estamos construindo e não se uma pessoa ou outra vai estar por aí para participar. Como disse antes, as mudanças que estamos fazendo precisam ser permanentes. O principal desafio para que isso ocorra é combater a corrupção que continua a assolar o país. Precisamos fazer uma escolha: estamos construindo um país onde a lei vale para uns e não para outros ou um país onde ela é igual para todos? Quando pegamos um sinal vermelho na rua, não é porque nos ferramos. É porque é a vez do outro passar. Isso é vida em sociedade. Parece simples, mas não é. Quando damos aquele famoso jeitinho para burlar, levar vantagem, nos dar bem, estamos trapaceando sobre o outro. Isso é nocivo à vida em sociedade. Se as regras do jogo não se aplicam a mim, por que é que o outro vai respeitá-las? Desse jeito, não estaremos construindo uma sociedade justa para todos, mas sim uma onde todo mundo procura levar vantagem sobre o próximo. Agora, em época de Copa do Mundo, devemos pensar: patriotismo é um fenômeno que aparece só de quatro em quatro anos? Temos que vestir a camisa do Brasil todos os dias do ano e sempre optar por construir um país melhor. A escolha é nossa, hoje.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Além de ver, enxergar


Sempre fui apaixonada por fotografia. Essa obsessão levou-me a estudar as maneiras de captar as melhores imagens. A partir daí, nunca mais olhei os objetos, as pessoas como antes. Toda minha visão de mundo mudou. Procuro por detalhes, e sei que estão neles a importância daquilo que vemos. Hoje, estou mais fascinada ainda. O poder do fotojornalismo tem me impressionado cada vez mais. A possibilidade de persuasão através da fotografia é inacreditável. Muitas pessoas acreditam, simplesmente, no que veem, e não imaginam que alí nem sempre está a verdade. Essa é a mágica da fotografia. E, para mim, sem dúvida, não existe ninguém capaz de fazer essa mágica como fez Henri Cartier Bresson. Gênio, fez poesia através de suas fotografias. Amava a liberdade e a transmitia perfeitamente, com graça e leveza. Sua fotos são dramáticas, mas não pesadas, líricas e emocionantes.

Matéria do Estadão:

Cartier-Bresson por inteiro
Nova York exibe uma das maiores mostras do fotógrafo, com dezenas de obras pouco conhecidas
21 de junho de 2010 0h 00

Tonica Chagas, especial para o Estado, de Nova York - O Estado de S.Paulo


Shangai, China 1948 - 1949. Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens das revistas e, assim, os ensaios de Bresson eram furos mundiais de reportagem


Pai do fotojornalismo e um dos criadores da fotografia moderna, Henry Cartier-Bresson (1908-2004) empunhou a câmera até já ter passado dos 80 anos de idade e, durante seis décadas, cruzou quase todos os quatro cantos do mundo. A ampla abrangência geográfica e histórica do trabalho dele compõe uma narrativa em imagens de mais da metade do século 20.

Em lugares tão distintos como Nikko ou Cairo, Hyères ou Pequim, Bresson perpetuou flagrantes do século moderno em momentos e movimentos marcantes como a morte de Gandhi ou passageiros como o êxtase de um menino olhando a bola que jogou para o alto.

[...]

Bresson começou a viajar pelo mundo com 22 anos, quando deixou os estudos de pintura e foi viver como caçador na Costa do Marfim, que ainda era uma colônia do seu país, a França. Quando voltou para casa e descobriu o que podia fazer com uma Leica portátil, saiu pelos países vizinhos e depois seguiu para o México, capturando imagens que ficariam entre as melhores de qualquer tempo.

Liberdade. A Magnum, agência cooperativa que ele e os amigos Robert Capa, George Rodger e David "Chim" Seymour criaram depois do fim da 2.ª Guerra (durante a qual ele passou três anos prisioneiro dos nazistas), deu-lhe meios e liberdade para cobrir o que quisesse e onde quisesse.

[...]

O jovem que se identificava com as ideias surrealistas começou a usar a maleabilidade e rapidez da Leica como um pintor e seu caderno de esboços, representando com traços simples o máximo do que pudesse exprimir - como na mais do que famosa imagem, de 1932, que mostra o homem saltando uma poça d"água atrás da estação de trens Saint-Lazare, em Paris.

Depois da guerra, a magia surrealista deu lugar a um novo estilo dele, quase sempre com o enquadramento de um pequeno grupo de pessoas em cenas que contam toda uma história com clareza absoluta. Para ter-se a dimensão da vergonha e do ódio que restaram da guerra, não é preciso muito mais do que uma frase - "mulher que foi informante da Gestapo é denunciada" - para identificar uma foto tirada em abril de 1945 num acampamento de pessoas deslocadas pela guerra, em Dessau, na Alemanha.

Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens de revistas e alguns ensaios fotográficos de Bresson foram furos mundiais de reportagem. Em 1958, ele passou quatro meses na China acompanhando o programa de industrialização forçada planejado por Mao. Mesmo monitorado pelas autoridades, saiu de lá com um fantástico corpo de trabalho. A Life abriu dez páginas em cor (modalidade que o próprio Bresson não gostava, não se dava bem e acabou excluindo do que considerava o trabalho da sua vida) e deu menor atenção às fotos em preto e branco. Fora um livreto publicado em 1964, a retrospectiva no MoMA é a primeira apresentação dessas imagens com o valor que Bresson lhes deu ao registrá-las. [...]

Retratos. Nas suas voltas pelo mundo, o fotógrafo que acompanhou "o grande salto adiante" da revolução comunista na China e foi o primeiro profissional do Ocidente a entrar na União Soviética depois da morte de Stálin, ainda achou tempo para ser um dos grandes retratistas do século 20. Bresson fez perto de mil retratos de pessoas notáveis, a maioria artistas e escritores. Preferia fotografá-las em suas casas e quando lhe perguntavam quanto tempo ele ia demorar para fazer o trabalho, brincava: "Mais do que um dentista e menos do que um psicanalista." É de se imaginar quem desses dois estava com a mão no disparador ao fotografar Bonnard num cantinho de seu estúdio, Colette e Pauline, sua companheira, em vestidos de bolinhas, Chanel fumando sob uma máscara veneziana, Carl Jung fumando cachimbo, Sartre numa ponte em meio à névoa, Matisse cercado por gaiolas e pombas, ou Truman Capote meio escondido por folhagens.

[...]


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100621/not_imp569550,0.php