quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um choque necessário

Ao entrar no Centro Cultural São Paulo o visitante se depara com as rampas de acesso. Ao desce-las, logo no primeiro andar, ele encontra um grande cartaz. E nele, a descrição: E.Co. Este é o nome da exposição que ficou em cartaz nos meses de julho e agosto.

O nome deixa claro sobre do que se trata a mostra: meio ambiente. Mais adiante, em paredes de madeiras dispostas pelo andar, diversas fotografias chamam a atenção. Sem início nem fim. Assim é a organização da exposição.

Em uma parede, imagens de 3 grupos de fotográfos peruanos que nos confrontam e interpelam. Imagens que iniciam uma ruptura com a realidade. A ficção se confunde com o real.

Em outro ambiente, espanhóis representam, através de suas imagens, a passagem da selva para a cidade grande. Observa-se fábricas, prédios e pichações. Pessoas comuns que trabalham na "cidade de gesso", Huelva. É possível notar dois grupos: os que defendem a industrialização e aqueles que lutam contra ela. Pessoas que lutam contra as chaminés que vomitam fumaça no céu da cidade.

Em uma das fotografias expostas, os espanhóis representam a revolta da população com o seguinte piche: "AKI NO AI PESCAO ESTA TODO MUERTO".

Da Alemanha, imagens chocantes. Os fotógrafos captam o sentimento através de imagens de um cemitério nuclear em risco de colapso. Para quem apenas vê, há o sentimento de impotência. E mesmo para quem tenta acabar com esse lixo, a sensação é a mesma. Ao lado do cemitério a Ilha Biquini. Moradores aparentam tristeza, solidão e medo.

Situada no Oceano Pacífico, a Ilha Biquini foi alvo do exército norte-americano. Foi lá que escolheram testar a bomba atômica. A tristeza é ainda mais visível quando se conhece a história dos habitantes da ilha. Por causa da radioatividade não podem sair de lá.

E, finalmente, Chernobyl. Cidade ucraniana é fotografada como sinônimo de castástrofe. A realidade de fato. Compreende-se o que é o vazio ao analisar Chernobyl. Cidade castigada pela maior tragédia nuclear, e que sofre até o hoje as consequências do acidente que deixou danos irreparáveis.

E assim são representados estes e mais 9 países. Brasil, Reino Unido, Portugal, México, Venezuela, Costa Rica, Argentina e Itália.

A mostra é denominada Coletiva. E.Co: Coletivos Fotográficos. Um fenômeno contemporâneo que vem se desenvolvendo como um novo modelo de representação. Os artistas provocam uma reflexão sobre o que acontece com o meio ambiente. Para isso trabalham na esfera da ação documental e social.

Com curadoria do artista espanhol Claudi Carreras, a mostra é uma união de 20 grupos de fotográfos de países diversos, da América Latina e Europa, que passam emoção e comoção ao mostrar o lado esquecido de alguns lugares.




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