domingo, 27 de junho de 2010

Desastre no Nordeste. E daí?

Caos, desastre e morte

Milhares de pessoas desabrigadas, mais de 50 mortes e 150 desaparecidos.
Isso é o que acontece, em Alagoas e Pernambuco, enquanto discutem os gols da copa. Não é novidade que o futebol chame mais atenção do que qualquer outra coisa no Brasil. Em outra época, os jornais sensacionalistas estariam acampados nos escombros do desastre.

A campanha contra a Globo no twitter (#diasemglobo), na última semana, pode não ter tido o resultado esperado, mas a mobilização foi imensa. Por que não fazem o mesmo em prol das vítimas das chuvas no Nordeste? A mesma coisa aconteceu no episódio #CalabocaGalvão, aliás, com repercussão nas mídias internacionais, como o The New York Times Journal

É notável a importância dada a certos assuntos insignificantes. E o pior, não vejo como isso possa mudar. Todos são facilmente influenciados. Aquilo que precisa ser lembrado e discutido é posto de lado. Para essas pessoas, o que ocorreu no Nordeste? Apenas uma fatalidade, e ponto.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Entre aspas

Com Raphael Penteado


É formado em Economia e Ciências Políticas pela Washington & Lee University nos EUA e trabalha com consultoria de marketing pela Marketing Boutique em São Paulo.

Em entrevista para a revista do meu grupo na faculdade, Raphael fala a respeito do Governo Lula.

Principais mudanças

Os fundamentos da economia brasileira são os mesmos desde 1999, muito antes do governo Lula. Aliás, um dos elogios que mais se faz ao governo Lula é exatamente o de ter mantido as políticas econômicas do governo anterior. Em 1999, o governo FHC foi forçado a flexibilizar a política monetária, criando a política de bandas e depois a política de metas de inflação para o Banco Central. Isso permitiu uma desvalorização controlada do Real, barateando os produtos brasileiros (principalmente os agrícolas), o que impulsionou o crescimento do Brasil. A lei de responsabilidade fiscal também foi crucial, pois, permitiu que o governo controlasse a dívida pública e deu credibilidade ao Brasil para conseguir financiamento mais barato lá fora. Esse foi um dos grandes motivos da melhora na avaliação das agências credoras sobre o Brasil e a redução do “Risco Brasil”.

Mas houve sim um aumento na renda do brasileiro. Por quê? Porque a oposição passou aumentos sucessivos do salário mínimo. A estratégia da oposição era forçar o presidente Lula a vetar os aumentos do mínimo para não por em risco as contas da união. O tiro saiu pela culatra. Embora o governo tenha feito pressão no Congresso para derrubar os aumentos, Lula não usou o veto. Assim, o ganho do brasileiro aumentou e Lula foi reeleito. Com isso, a dívida pública aumentou quase 80% durante os 8 anos do governo Lula. Vai ser um abacaxi e tanto que ele vai deixar para o próximo governo.

Heranças do Governo Lula

Uma das principais heranças que o Lula nos deixará é a credibilidade do Brasil lá fora. O Brasil está demonstrando que é um país sério. Não importa quem esteja no governo, estamos comprometidos com a estabilidade e - trabalhando para continuar um ciclo de crescimento sustentado. Sem surpresas e nem milagres. Ao mesmo tempo, Lula vai deixar uma máquina administrativa inchada e uma dívida pública alta. Por enquanto nos saímos bem. Mas o que ocorreu com países como a Grécia, Portugal, Itália, Espanha, entre outros, deveria nos servir de aviso. Se não conseguirmos manter a credibilidade de que conseguiremos pagar as nossas dívidas, o clima de otimismo pode virar, principalmente em um ambiente tão incerto como o de hoje. Não podemos correr esse risco.

Prioridades para o próximo governo

Os fundamentos da economia não podem mudar de forma alguma. Aliás, precisamos trabalhar para continuar as reformas. O Brasil, durante o governo Lula, não fez o dever de casa. Precisamos da reforma da previdência para ontem. O pior é que o Congresso foi na contramão e acabou de passar o fim do fator previdenciário. Se confirmado, isso vai piorar ainda mais a situação das finanças públicas. São tantas as reformas... a política, a judiciária, a fiscal. O Brasil fez o trabalho pela metade. As coisas já melhoraram bastante, mas precisamos fazer mais para assegurar que as melhoras sejam permanentes. O mundo ainda é um lugar de muitas incertezas. Se não nos esforçarmos agora, a longo prazo estaremos colocando esses ganhos em risco. Isso tem que ser um esforço não só do próximo governo, mas também do Congresso. E deveria ser a pauta do debate político desse ano; a sociedade precisa participar desse diálogo.

Popularidade de Lula

O povo vai eleger o próximo presidente do Brasil, e o Lula não é candidato. Eles terão que escolher entre a Dilma e o Serra. O Lula pode apoiar e dar a sua opinião, mas opinião todo mundo tem. Na hora de votar, o eleitor vai entrar na cabine de votação e escolher a pessoa que ele achar ser mais capacitada. Para ser eleita, a Dilma precisa comprovar que ela é mais capaz do que o Serra.

Lula em 2014

Talvez sim, talvez não. Isso não importa. Acorda Brasil, estamos construindo um país. Temos que pensar em todas as futuras eleições, não só a de 2014, mas também as de 2018, 2022, 2042... Com ou sem Lula, o Brasil terá muitos outros presidentes, congressos, governos e políticos. Temos que nos preocupar com a qualidade da sociedade que estamos construindo e não se uma pessoa ou outra vai estar por aí para participar. Como disse antes, as mudanças que estamos fazendo precisam ser permanentes. O principal desafio para que isso ocorra é combater a corrupção que continua a assolar o país. Precisamos fazer uma escolha: estamos construindo um país onde a lei vale para uns e não para outros ou um país onde ela é igual para todos? Quando pegamos um sinal vermelho na rua, não é porque nos ferramos. É porque é a vez do outro passar. Isso é vida em sociedade. Parece simples, mas não é. Quando damos aquele famoso jeitinho para burlar, levar vantagem, nos dar bem, estamos trapaceando sobre o outro. Isso é nocivo à vida em sociedade. Se as regras do jogo não se aplicam a mim, por que é que o outro vai respeitá-las? Desse jeito, não estaremos construindo uma sociedade justa para todos, mas sim uma onde todo mundo procura levar vantagem sobre o próximo. Agora, em época de Copa do Mundo, devemos pensar: patriotismo é um fenômeno que aparece só de quatro em quatro anos? Temos que vestir a camisa do Brasil todos os dias do ano e sempre optar por construir um país melhor. A escolha é nossa, hoje.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Além de ver, enxergar


Sempre fui apaixonada por fotografia. Essa obsessão levou-me a estudar as maneiras de captar as melhores imagens. A partir daí, nunca mais olhei os objetos, as pessoas como antes. Toda minha visão de mundo mudou. Procuro por detalhes, e sei que estão neles a importância daquilo que vemos. Hoje, estou mais fascinada ainda. O poder do fotojornalismo tem me impressionado cada vez mais. A possibilidade de persuasão através da fotografia é inacreditável. Muitas pessoas acreditam, simplesmente, no que veem, e não imaginam que alí nem sempre está a verdade. Essa é a mágica da fotografia. E, para mim, sem dúvida, não existe ninguém capaz de fazer essa mágica como fez Henri Cartier Bresson. Gênio, fez poesia através de suas fotografias. Amava a liberdade e a transmitia perfeitamente, com graça e leveza. Sua fotos são dramáticas, mas não pesadas, líricas e emocionantes.

Matéria do Estadão:

Cartier-Bresson por inteiro
Nova York exibe uma das maiores mostras do fotógrafo, com dezenas de obras pouco conhecidas
21 de junho de 2010 0h 00

Tonica Chagas, especial para o Estado, de Nova York - O Estado de S.Paulo


Shangai, China 1948 - 1949. Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens das revistas e, assim, os ensaios de Bresson eram furos mundiais de reportagem


Pai do fotojornalismo e um dos criadores da fotografia moderna, Henry Cartier-Bresson (1908-2004) empunhou a câmera até já ter passado dos 80 anos de idade e, durante seis décadas, cruzou quase todos os quatro cantos do mundo. A ampla abrangência geográfica e histórica do trabalho dele compõe uma narrativa em imagens de mais da metade do século 20.

Em lugares tão distintos como Nikko ou Cairo, Hyères ou Pequim, Bresson perpetuou flagrantes do século moderno em momentos e movimentos marcantes como a morte de Gandhi ou passageiros como o êxtase de um menino olhando a bola que jogou para o alto.

[...]

Bresson começou a viajar pelo mundo com 22 anos, quando deixou os estudos de pintura e foi viver como caçador na Costa do Marfim, que ainda era uma colônia do seu país, a França. Quando voltou para casa e descobriu o que podia fazer com uma Leica portátil, saiu pelos países vizinhos e depois seguiu para o México, capturando imagens que ficariam entre as melhores de qualquer tempo.

Liberdade. A Magnum, agência cooperativa que ele e os amigos Robert Capa, George Rodger e David "Chim" Seymour criaram depois do fim da 2.ª Guerra (durante a qual ele passou três anos prisioneiro dos nazistas), deu-lhe meios e liberdade para cobrir o que quisesse e onde quisesse.

[...]

O jovem que se identificava com as ideias surrealistas começou a usar a maleabilidade e rapidez da Leica como um pintor e seu caderno de esboços, representando com traços simples o máximo do que pudesse exprimir - como na mais do que famosa imagem, de 1932, que mostra o homem saltando uma poça d"água atrás da estação de trens Saint-Lazare, em Paris.

Depois da guerra, a magia surrealista deu lugar a um novo estilo dele, quase sempre com o enquadramento de um pequeno grupo de pessoas em cenas que contam toda uma história com clareza absoluta. Para ter-se a dimensão da vergonha e do ódio que restaram da guerra, não é preciso muito mais do que uma frase - "mulher que foi informante da Gestapo é denunciada" - para identificar uma foto tirada em abril de 1945 num acampamento de pessoas deslocadas pela guerra, em Dessau, na Alemanha.

Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens de revistas e alguns ensaios fotográficos de Bresson foram furos mundiais de reportagem. Em 1958, ele passou quatro meses na China acompanhando o programa de industrialização forçada planejado por Mao. Mesmo monitorado pelas autoridades, saiu de lá com um fantástico corpo de trabalho. A Life abriu dez páginas em cor (modalidade que o próprio Bresson não gostava, não se dava bem e acabou excluindo do que considerava o trabalho da sua vida) e deu menor atenção às fotos em preto e branco. Fora um livreto publicado em 1964, a retrospectiva no MoMA é a primeira apresentação dessas imagens com o valor que Bresson lhes deu ao registrá-las. [...]

Retratos. Nas suas voltas pelo mundo, o fotógrafo que acompanhou "o grande salto adiante" da revolução comunista na China e foi o primeiro profissional do Ocidente a entrar na União Soviética depois da morte de Stálin, ainda achou tempo para ser um dos grandes retratistas do século 20. Bresson fez perto de mil retratos de pessoas notáveis, a maioria artistas e escritores. Preferia fotografá-las em suas casas e quando lhe perguntavam quanto tempo ele ia demorar para fazer o trabalho, brincava: "Mais do que um dentista e menos do que um psicanalista." É de se imaginar quem desses dois estava com a mão no disparador ao fotografar Bonnard num cantinho de seu estúdio, Colette e Pauline, sua companheira, em vestidos de bolinhas, Chanel fumando sob uma máscara veneziana, Carl Jung fumando cachimbo, Sartre numa ponte em meio à névoa, Matisse cercado por gaiolas e pombas, ou Truman Capote meio escondido por folhagens.

[...]


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100621/not_imp569550,0.php

sábado, 19 de junho de 2010

Mais do mesmo

A Isto é, nas últimas semanas, quis mostrar um jornalismo imparcial. Para isso, colocou os candidatos à presidência na capa, da mesma forma, e, inclusive, com a mesma manchete "X POR X".
Mas isso não seria, no mínimo, falta de criatividade?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre um ídolo

Não há palavras para descrever o que sinto neste momento. Na lista de meus livros favoritos, os de José Saramago estão quase no topo. Um autor de obras magníficas, do tipo que começamos e não conseguimos parar. O meu querido escritor, deixa-nos, através de seus livros espetaculares, seus pensamentos e sonhos.

Matéria do Estadão:


Morre aos 87 anos o escritor José Saramago

Autor português foi laureado com Nobel da Literatura em 1998
18 de junho de 2010 9h 22


MADRI - O escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago morreu nesta sexta-feira, 18, em sua casa em Lanzarote (Ilhas Canárias) aos 87 anos de idade.

O escritor faleceu às 13 horas locais (8 horas de Brasília), segundo sua esposa e tradutora, Pilar del Rio. Ainda de acordo com ela, Saramago havia passado uma noite tranquila e, depois de tomar café da manhã com a mulher, começou a passar mal e faleceu em pouco tempo.

O autor recebeu o prêmio máximo da Literatura em 1988. Segundo a premiação, Saramago "nos permitiu mais uma vez apreender uma realidade ilusória por meio de parábolas sustentadas pela imaginação, pela compaixão e pela ironia".

Autor de "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a cegueira", Saramago vivia em Lanzarote desde 1993 com a jornalista espanhola. O escritor foi hospitalizado diversas vezes nos últimos anos, principalmente por conta de problemas respiratórios.


http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,morre-aos-87-anos-o-escritor-jose-saramago,568550,0.htm

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eleições esquecidas

Em ano eleitoral, todas as atenções voltam-se à copa do mundo. Incrível como a mídia impõe o que deve e o que não deve ser discutido. A quatro meses de escolhermos o novo presidente, os candidatos pouco aparecem. Sobre eles? Quase nada sabemos. Quem tem interesse procura se informar através das redes sociais. Sim, pois, é no Twitter e nos blogs que os candidatos fazem pré-campanha e falam de suas propostas para o país.

Infelizmente, a maioria dos brasileiros não dão importância para o voto. De frente à urna, se o eleitor não tiver conhecimento dos candidatos, é certo que fará uma má escolha.

Em alguns telejornais, por exemplo, as informações mais importantes são sobre a agenda diária dos jogadores/técnicos no mundial. A impressão é que o mundo parou, nada mais acontece, não há notícias. Será mesmo? Claro que o evento que ocorre a cada quatro anos, assim como as eleições, é importante. Mas deixar tudo de lado para falar da história de cada jogador e dos familiares de cada um, é demais, não? Afinal, de quem vamos cobrar futuramente? Dunga e seu rebanho ou Serra, Dilma ou Marina?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Primeiro jogo

A seleção brasileira venceu a Coréia do Norte, 2 a 1. Antes disso: ruas lotadas e vuvuzelas a todo vapor. Tudo muito típico. Afinal, quem segura o torcedor empolgado?

Para quem não gosta de futebol, sair às ruas, hoje, das 12h às 15h, era certeza ficar estressado. Mas alguém não viu o jogo? Duvido. Muitos falam aos quatro ventos que em épocas como essa gostariam de estar em qualquer lugar, menos aqui. Porém, é certo que lá no fundo estavam todos gritando "porra, pega essa bola!". E foi mais ou menos isso que se ouviu, além das magníficas vuvuzelas, claro!