segunda-feira, 21 de junho de 2010

Além de ver, enxergar


Sempre fui apaixonada por fotografia. Essa obsessão levou-me a estudar as maneiras de captar as melhores imagens. A partir daí, nunca mais olhei os objetos, as pessoas como antes. Toda minha visão de mundo mudou. Procuro por detalhes, e sei que estão neles a importância daquilo que vemos. Hoje, estou mais fascinada ainda. O poder do fotojornalismo tem me impressionado cada vez mais. A possibilidade de persuasão através da fotografia é inacreditável. Muitas pessoas acreditam, simplesmente, no que veem, e não imaginam que alí nem sempre está a verdade. Essa é a mágica da fotografia. E, para mim, sem dúvida, não existe ninguém capaz de fazer essa mágica como fez Henri Cartier Bresson. Gênio, fez poesia através de suas fotografias. Amava a liberdade e a transmitia perfeitamente, com graça e leveza. Sua fotos são dramáticas, mas não pesadas, líricas e emocionantes.

Matéria do Estadão:

Cartier-Bresson por inteiro
Nova York exibe uma das maiores mostras do fotógrafo, com dezenas de obras pouco conhecidas
21 de junho de 2010 0h 00

Tonica Chagas, especial para o Estado, de Nova York - O Estado de S.Paulo


Shangai, China 1948 - 1949. Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens das revistas e, assim, os ensaios de Bresson eram furos mundiais de reportagem


Pai do fotojornalismo e um dos criadores da fotografia moderna, Henry Cartier-Bresson (1908-2004) empunhou a câmera até já ter passado dos 80 anos de idade e, durante seis décadas, cruzou quase todos os quatro cantos do mundo. A ampla abrangência geográfica e histórica do trabalho dele compõe uma narrativa em imagens de mais da metade do século 20.

Em lugares tão distintos como Nikko ou Cairo, Hyères ou Pequim, Bresson perpetuou flagrantes do século moderno em momentos e movimentos marcantes como a morte de Gandhi ou passageiros como o êxtase de um menino olhando a bola que jogou para o alto.

[...]

Bresson começou a viajar pelo mundo com 22 anos, quando deixou os estudos de pintura e foi viver como caçador na Costa do Marfim, que ainda era uma colônia do seu país, a França. Quando voltou para casa e descobriu o que podia fazer com uma Leica portátil, saiu pelos países vizinhos e depois seguiu para o México, capturando imagens que ficariam entre as melhores de qualquer tempo.

Liberdade. A Magnum, agência cooperativa que ele e os amigos Robert Capa, George Rodger e David "Chim" Seymour criaram depois do fim da 2.ª Guerra (durante a qual ele passou três anos prisioneiro dos nazistas), deu-lhe meios e liberdade para cobrir o que quisesse e onde quisesse.

[...]

O jovem que se identificava com as ideias surrealistas começou a usar a maleabilidade e rapidez da Leica como um pintor e seu caderno de esboços, representando com traços simples o máximo do que pudesse exprimir - como na mais do que famosa imagem, de 1932, que mostra o homem saltando uma poça d"água atrás da estação de trens Saint-Lazare, em Paris.

Depois da guerra, a magia surrealista deu lugar a um novo estilo dele, quase sempre com o enquadramento de um pequeno grupo de pessoas em cenas que contam toda uma história com clareza absoluta. Para ter-se a dimensão da vergonha e do ódio que restaram da guerra, não é preciso muito mais do que uma frase - "mulher que foi informante da Gestapo é denunciada" - para identificar uma foto tirada em abril de 1945 num acampamento de pessoas deslocadas pela guerra, em Dessau, na Alemanha.

Antes do domínio da televisão, a maioria das pessoas via o mundo pelas imagens de revistas e alguns ensaios fotográficos de Bresson foram furos mundiais de reportagem. Em 1958, ele passou quatro meses na China acompanhando o programa de industrialização forçada planejado por Mao. Mesmo monitorado pelas autoridades, saiu de lá com um fantástico corpo de trabalho. A Life abriu dez páginas em cor (modalidade que o próprio Bresson não gostava, não se dava bem e acabou excluindo do que considerava o trabalho da sua vida) e deu menor atenção às fotos em preto e branco. Fora um livreto publicado em 1964, a retrospectiva no MoMA é a primeira apresentação dessas imagens com o valor que Bresson lhes deu ao registrá-las. [...]

Retratos. Nas suas voltas pelo mundo, o fotógrafo que acompanhou "o grande salto adiante" da revolução comunista na China e foi o primeiro profissional do Ocidente a entrar na União Soviética depois da morte de Stálin, ainda achou tempo para ser um dos grandes retratistas do século 20. Bresson fez perto de mil retratos de pessoas notáveis, a maioria artistas e escritores. Preferia fotografá-las em suas casas e quando lhe perguntavam quanto tempo ele ia demorar para fazer o trabalho, brincava: "Mais do que um dentista e menos do que um psicanalista." É de se imaginar quem desses dois estava com a mão no disparador ao fotografar Bonnard num cantinho de seu estúdio, Colette e Pauline, sua companheira, em vestidos de bolinhas, Chanel fumando sob uma máscara veneziana, Carl Jung fumando cachimbo, Sartre numa ponte em meio à névoa, Matisse cercado por gaiolas e pombas, ou Truman Capote meio escondido por folhagens.

[...]


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100621/not_imp569550,0.php

2 comentários:

  1. Parabéns legal eu curti prometo ler tudo em breve.

    Continua escrevendo e legal seu amor por foto

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  2. Que bom Diego. Você será sempre bem vindo.

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