sábado, 11 de setembro de 2010

Loucura por um sonho

Atrás do pai, menino dirige ônibus nas ruas de São Paulo

Em Capitães de Areia, Jorge Amado narra a história de garotos de rua, independentes, que lutam sozinhos pela sobrevivência. Além disso, se divertem, brincam como criança que são e têm responsabilidades de adultos.

Assim é Buiú. Um garoto de 12 anos que vive vagando pelas ruas de São Paulo em busca de possíveis aventuras.

Diferente dos meninos de Jorge, Buiú tinha uma intenção maior ao pegar um ônibus no Terminal Tiradentes e sair dirigindo pela cidade. Seu destino era São Bernardo do Campo. Lá, pretendia encontrar seu pai, Jesus, cobrador de ônibus que deixou a família quando Buiú tinha apenas cinco anos.

Após o desaparecimento, Buiú empenhou-se em aprender a dirigir ônibus, paixão declarada, para, um dia, sair à procura de Jesus.

Buiú sempre fez muitos amigos na rua, e, nos terminais de ônibus também. Insistente, conseguia convencer todos os motoristas e cobradores a deixá-lo acompanhar as viagens de algumas linhas. Assim aprendeu a dirigir. Olhando cada movimento do motorista. E, principalmente, passou a conhecer diversas vias da cidade, ou pelo menos as mais importantes.

Quando sentiu que estava preparado e teve o destino a seu favor, Buiú saiu tranquilo e feliz pelas ruas com a certeza de onde seria sua parada naquela noite.

Em meio à loucura, e extasiado de alegria, desacreditado da malandragem, Buiú foi parado por dois policiais. Assustado, bateu em outro ônibus. Foi levado à delegacia e de lá para a Febem. Assustou-se ainda mais ao encontrar garotos como o que matou o próprio pai. Chorando, pedia para a mãe tirá-lo daquele lugar.

Passado o susto, Buiú mostrava-se feliz pelo sonho realizado. No sorriso orgulhoso, o que se via era um menino, apenas um menino.

Sua mãe o conhece bem. Ele já passou um ano fora de casa. É do tipo que ama a liberdade, que sabe o que quer. E sabe o que fazer para conseguir.

É provável que, embora tenha dito que não fará novamente, a próxima aventura vá além de uma viagem de ônibus. Para um garoto como Buiú não há limites de coragem.


...


*Matéria publicada no Agora, sem nenhuma humanização.
*Por Ricardo kotscho, ela foi tão bem elaborada que não parece a mesma.
*E, finalmente, a minha.

4 comentários:

  1. Simplesmente incrível a forma como o texto foi estruturado.

    Mas uma coisa não ficou clara pra mim. Kotscho ou vc? Quem é o responsável? kkkk

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  2. Esta é uma versão minha... kkkkk...
    A do Ricardo é excelente. Sensacional. Muito bem elaborada. Mas obrigadaaa... bjos

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  3. Hum...
    Agora sim me sinto segura para te dar os parabéns.

    O texto está excelente.
    E, claro, como alguém que também acredita que o jornalismo pode ir além de um texto que contenha tudo num "lead quadrado", espero que mais pessoas tenha essa "coragem" de derrubar essa barreira imposta pela padronização, que impede a humanização.

    Mais uma vez, parabéns! rs

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  4. Obrigada, Ana. rs.

    Infelizmente, o jornalismo brasileiro é descendente do norte americano, aquele que busca apenas o lucro. Isso faz dos jornalistas verdadeiros robôs. Respondem as perguntinhas básicas do lead e nada mais. As histórias por trás de cada personagem são deixadas de lado. O importante é transmitir o fato e ponto. São poucos que valorizam e humanizam uma verdadeira história.

    Beijos

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